Autor: Mario Arthur Favretto
Este texto tem em sua função
analisar o aspecto negativo que por vezes a utilização da Ciência para combater
a Religião pode ter, onde ao invés de uma aproximação do conhecimento
cientifico acaba-se por afastar as pessoas do mesmo. Isto gera situações em que
se espalham ainda mais pseudociências e crendices prejudiciais tanto para a
Ciência quanto para as Religiões mais tolerantes em relação a conhecimentos
divergentes de suas bases dogmáticas.
A utilização da Ciência para a
comprovação da não existência de divindades criadas pelos humanos,
principalmente por ateus militantes, acaba gerando uma imagem popular distorcida
da Ciência, onde esta passa a ser vista como uma inimiga de qualquer
manifestação religiosa. Fato que não possui uma completa veracidade, talvez o
aspecto mais conflituoso seja que a Ciência implica que certos aspectos dos
livros supostamente sagrados estejam errados, mas não na inexistência de uma
divindade em si. Considerando esta numa visão panteísta ou deísta, e não em uma
divindade que interfere no mundo em resposta a pedidos, desejos e orações
humanas.
Vamos pegar como exemplo inicial
a teoria do Big Bang, atualmente tão combatida por religiosos, tal teoria
implica na origem do Universo a partir do nada. É um fato curioso essa briga
atual, pois inicialmente quem não gostou desta teoria foram os físicos e
astrônomos. A teoria do Big Bang, também chamada inicialmente de hipótese do
átomo primordial, foi desenvolvida pelo padre católico, astrônomo e físico
Georges Lemaître, e por que os demais pesquisadores não apreciaram essa
hipótese? Oras, pois se o Universo teve um momento inicial de surgimento, ele
pode ter surgido do nada como pode ter surgido de uma divindade, por isso os
demais pesquisadores preferiam as hipóteses que implicavam que o Universo era
eterno, sem um começo e sem um fim.
Mas vejam que mesmo com essa
resistência inicial, com o aumento de acúmulo de dados e pesquisas, a teoria do
Big Bang acabou tendo uma melhor fundamentação e como os dados analisados
demonstraram a veracidade desta ocorrência, a Ciência passou a aceitar este
corpo teórico. Porém, os motivos que levam atualmente os religiosos a
desgostarem dessa teoria, são incompreensíveis, pois muitos livros supostamente
sagrados mencionam um momento de criação do Universo. Havendo, é claro, apenas
divergências em relação ao tempo transcorrido entre o surgimento do Universo e
vida.
Por que a Ciência então mesmo
tendo aceitado uma criação para o Universo não aceitou plenamente junto com este
fato a existência de uma divindade? Porque isto não foi demonstrado pelos dados
obtidos, sabe-se que houve um momento de criação, mas não se sabe o que havia
antes dele. E também pelo fato de que, é melhor manter a dúvida do que fazer
afirmações errôneas sobre certos aspectos do Universo que ainda não podemos
obter dados. E por quê? Porque se respondermos que o Universo veio de uma
divindade, isso implicará no surgimento de mais perguntas, do que de respostas.
Se uma divindade criou tudo, de onde surgiu essa divindade? Quem foi que criou
a divindade? Se a divindade veio do nada, porque o Universo não pode vir do
nada? Se a divindade pode ser eterna, por que o Universo ou o Multiverso não
podem? Mantém-se então a incerteza.
Nosso segundo exemplo será a
Evolução. Neste fato, temos também o mesmo problema anterior, a Evolução não
implica na inexistência de uma divindade criadora, mas sim na questão de os
livros supostamente sagrados estarem errados. Vamos por alguns momentos
imaginar o seguinte, um divindade gera o universo num experimento próprio para
ver qual a probabilidade de que um planeta entre milhares ou milhões poderá
gerar vida, não é uma possibilidade? Ou vejamos da seguinte forma, a divindade
acompanhou o desenvolvimento do Universo e interferiu para o surgimento da vida
em algum lugar específico, porém vendo que este planeta é instável, dinâmico,
com constantes mudanças, por que criaria espécies prontas e fixas? Para ter que
ficar o tempo todo interferindo no andamento da vida? Não seria mais sensato
criar espécies que sofram variações a cada geração e que assim poderiam estar
em constante modificação e adaptação diante das alterações que ocorrem neste
planeta? Assim elimina-se a necessidade da própria divindade ter que interferir
a todo o momento em sua criação, pois ela mesma há de modificar-se ao longo do
tempo e tornar-se adaptada diante das novas condições ambientes que surgem.
Assim percebemos, mesmo que
rápida e superficialmente, que as duas áreas mais conflitantes entre Ciência e
Religião não são mutuamente excludentes. É possível a existência de uma quimera
entre ambos, não sei ao certo ainda se positiva ou negativa. Porém há esperança
para a conciliação entre estas duas áreas, mantendo o pleno conhecimento
científico, sem excluir uma ideia de possibilidade de divindade. O que
realmente a Ciência implica é em tornar errônea uma interpretação literal dos
mitos de criações religiosos, e possivelmente também, na impossibilidade de
existência de uma divindade que interage com sua criação diante de qualquer
aflição humana. Focando-se então numa visão panteísta/deísta, com ausência de
certas manifestações sobrenaturais e pseudocientíficas propagadas por diversas
mídias atualmente.
Não vou dar minha opinião para não fazer pseudo-ciência nem deixar religiosos nervosos, mas q o texto é bom e faz pensar, isso ele é.
ResponderExcluirAbraço!
Geuster